Final Fantasy 16 para PC oferece uma boa experiência, mas exige um computador potente
Final Fantasy 16 roda bem no PC, mas prepare o hardware
Antes mesmo de começar a descrever Final Fantasy 16 no PC, eu preciso deixar algo muito claro e ajudá-lo a não cair em uma furada: é muito legal que a Square Enix tenha divulgado uma demonstração para dar um termômetro do que esperar e há cerca de 2 horas de gameplay – e você pode levar o seu save para a versão final.
Porém, muita cautela nesse momento. A área inicial da demonstração não é parâmetro para o que você vai se deparar no futuro. As próximas duas áreas, da floresta e o primeiro vilarejo, são bem mais pesadas do que o conteúdo da demo. Então fique esperto e fique atento com o tempo de jogatina.
Mas vamos do começo. Final Fantasy 16 já começa acertando em trazer uma compilação de shaders (sombreamentos, em PT-BR), eliminando qualquer tipo de stuttering desnecessários. Além disso, o port traz uso de DLAA para qualidade de imagem, DLSS 3 com geração de frames e até FSR 3 para placas não compatíveis.
Rodando Final Fantasy 16 em um setup high-end, com uma GeForce RTX 4090, um i7 13700K e 32 GB de RAM DDR5, simplesmente não tive problema algum com desempenho, tudo rodando muito acima dos 120 fps em 4K suar. Entretanto, parece que a Square Enix parece depender do DLSS 3/FSR 3 com geração de frames e, principalmente, resolução dinâmica.
Esse é claramente um jogo de nova geração, mesmo sem uso de ray tracing ou outras tecnologias modernas, mas ainda assim extremamente pesado. Inclusive, tão pesado que até hoje o PS5 não dá conta de rodar a campanha em 60 fps estáveis, com diversas quedas pesadas no mundo aberto (mesmo em 1080p).
O que você vai ver na prática é que, em alguns momentos de Final Fantasy 16, algumas placas de entrada ou intermediárias simplesmente não conseguem manter 60 quadros por segundo mesmo em 1080p. Não hesite: desde o começo, use a geração de frames, use o seu upscaler de imagem (como o DLSS) em um modo mais estável e, principalmente, ative o uso de resolução dinâmica.
Alguns efeitos de transparência, de partícula ou cenários mais ambiciosos vão ser extremamente pesados na GPU. Mesmo em uma GeForce RTX 4090, usar 4K e DLAA não garante 60 quadros, algo que poucos jogos se mostraram tão pesados até hoje.
E aqui vai uma das primeiras críticas: um game ser pesado não é necessariamente algo ruim, mas não tem uma maneira de escalar de forma correta é prejudicial. Final Fantasy 16 é lindíssimo com tudo no Alto, mas é quase igual com tudo no Baixo, com poucas coisas realmente dando respiro à performance.
Com tudo no Alto, há pouquíssimas diferenças para as configurações no Baixo. A Square Enix poderia ter criado presets mais leves e garantido uma performance mais estável em placas de vídeo mais modestas.
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Meu PC roda Final Fantasy 16? Veja requisitos mínimos
E os PCs portáteis?
O diretor de Final Fantasy 16, Hiroshi Takai, disse que a equipe estava otimizando a experiência para hardwares menos parrudos e que o Steam Deck também estaria contemplado entre a lista de máquinas compatíveis.
Se você clicou no link de requisitos mínimos acima, deve ter visto uma discrepância. Afinal, para rodar em 720p e 30 fps, é necessário 16 GB de RAM e uma GPU com 8 GB de VRAM, como uma GTX 1070 – bem acima da configuração de hardware do Steam Deck.
Apesar de não ter um portátil da Valve para testes, pude testar Final Fantasy 16 no ROG Ally e no ROG Ally X, que tem os 8 GB de “VRAM” extra (já que a memória é compartilhada). E, para a minha surpresa, o game roda muito bem, inclusive em 900p e acima dos 60 fps! Mas… somente até a página 2.
No momento que a seção da demo acaba, as coisas começam a ficar bem complicadas. Por ora, não parece que Final Fantasy 16 é jogável em um PC portátil. Em áreas mais avançadas, a performance cai para abaixo dos 40 fps e isso inclui estar em 720p e ter a geração de quadros ativa.
E, se você entende um pouco de framegen, sabe que o recomendado é ter o desempenho próximo dos 60 quadros antes de ativar, pois o input lag é bem alto e, por baixo do capô, ter 40 fps implica que a performance real é sub 30 fps, gerando uma jogabilidade bem ruim.
Ao menos por ora, não é recomendado que você use um hardware fraco para rodar Final Fantasy 16.
Alguns problemas ofuscam uma excelente experiência
Apesar de ser relativamente muito bom (vale lembrar: ser pesado não significa ser mal otimizado), há alguns detalhes estranhos em Final Fantasy 16. As cutscenes ainda são pré-renderizadas, o que é ok para cenas bem complexas, mas o estranho é que elas sejam renderizadas com problemas de serrilhamento.
E, por falar em cutscenes, as que rodam in-game são travadas em 30 fps, sem opção de desbloqueio de performance. Além disso, elas não usam upscalers de imagem nem geração de quadros, o que pode resultar em seções abaixo de 30 fps, já que os maiores trunfos de desempenho do PC não estão em uso.
Neste mesmo ponto de Final Fantasy 16, por não usar o DLSS para reconstrução de imagem, a resolução utilizada nas partes cinematográficas não usa a resolução nativa, mas sim a resolução base do seu upscaler. Em outras palavras, se você estiver usando o DLSS Ultra Performance, que reconstrói a partir de 360p, a cutscene será exibida em 360p.
Há alguns bugs estranhos com stutterings aqui e ali, mas os novos patches já trabalham para corrigir esses problemas. Além disso, não há suporte para resoluções ultrawide. E agora vem a parte curiosa: a maioria desses problemas já pode ser solucionada com um simples mod feito por fãs.
É estranho que a solução seja tão simples a ponto de fãs já no lançamento terem a solução (o mod foi feito para a demo de Final Fantasy 16 e funciona na versão final), trazendo Ultrawide e cutscenes com performance desbloqueada, mas não há um suporte oficial.
Por fim, mesmo utilizando DLAA em Final Fantasy 16, você vai notar que o resultado exibido no seu monitor ainda é muito suavizado, não aparentando uma resolução alta. Não chega a incomodar, mas é estranho que algum tipo de pós-processamento interno esteja em uso de forma tão agressiva e não possa ser desligado para imagens mais nítidas.
Um jogo excepcional e completo
Apesar de tropeços no port de PC, vale uma rápida lembrança de que, antes de um port, Final Fantasy 16 é um jogo. E um baita jogo! Não vou me estender muito, já que temos uma análise completa aqui, mas é preciso citar que jogadores de primeira viagem tem algo excepcional em mãos no computador também.
Final Fantasy 16 traz um sistema de combate 100% ação e recheado de combos, invocações e habilidades especiais lindos de se ver na prática. Apesar de pecar nos elementos RPG, que são bem básicos, a dose de diversão é bem alta e você pode esperar uma campanha de 50 horas sem fazer muito do conteúdo opcional.
A história é fantástica e, provavelmente, a mais madura que a série já viu até hoje. O tema abordado é bem mais pesado, denso e cheio de reviravoltas, trazendo cenas brutais, assuntos bem mais sombrios do que estamos acostumados e, principalmente, a campanha mais bem contada que a franquia já teve.
Sem contar as brigas dos summons! É um espetáculo à parte, com cenas esplendorosas, batalhas extremamente memoráveis, sistemas de gameplay divertidíssimos e algo que realmente parece uma batalha de kaijus.
E, para coroar a experiência, a versão de PC já chega com os DLCs, mas eles precisam ser comprados separadamente – o que é uma pena, mas ajuda a trazer o game base em um preço mais em conta.
Final Fantasy 16 de PC vale a pena?
Para fãs da série ou de RPGs de ação, Final Fantasy 16 é um prato cheio. Campanha longa e extremamente bem-feita, o combate melhora exponencialmente ao longo da sua progressão, os personagens são muito marcantes e a história espetacular. Tudo isso já sabíamos na época do PS5 e ainda se aplica agora.
Mas, para PC, o quanto sua experiência será agradável está relacionado diretamente à sua placa de vídeo. Não tem muito para onde ir, o game é simplesmente bastante pesado e é necessário ter uma GPU mais parruda. Infelizmente, a escala de carga no hardware não é tão boa do Baixo ao Alto, então você vai precisar de força bruta.
Além disso, existem alguns bugs e certas funcionalidades, como cutscenes com framerate desbloqueado e suporte a ultrawide, que simplesmente não existem no game e apenas mods de fãs corrigem esse problema, o que é bem estranho de ver.
Sem dúvidas, Final Fantasy 16 é um bom port, mas passa longe de ser excepcional: no mundo ideal, teríamos mais opções de gráficos (acima do PS5 e abaixo de seu padrão de beleza para suporta mais tipos de hardware), menus que mostram melhor as mudanças in-game e por aí vai. Se você tem o poder de fogo, se prepare para uma aventura épica!
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