Declarações Controversas de Notch
Markus “Notch” Persson, o criador do Minecraft, fez novas afirmações polêmicas sobre a pirataria de jogos. Ele se manifestou em um momento em que a iniciativa Stop Killing Games está ganhando destaque na Europa. Para Notch, se a compra de um jogo digital não é uma aquisição concreta, no sentido de garantir posse permanente, então a pirataria desse jogo também não pode ser classificada como roubo. Essa declaração foi feita por meio de um post recente nas redes sociais, onde Persson ressaltou: “Se comprar um jogo não é uma compra, então pirateá-los não é roubo.”
As Raízes da Opinião de Notch
Essa perspectiva não é inédita. Em 2011, durante a Game Developers Conference, Persson já manifestou a crença de que a pirataria não deveria ser vista como roubo, pois não se estaria realmente tirando algo de alguém, apenas criando uma cópia adicional. Um ano depois, ele incentivou um fã a piratear Minecraft caso não tivesse condições financeiras para adquiri-lo, sugerindo que, se o jogador gostasse do jogo, deveria comprá-lo posteriormente. Atualmente, o assunto voltou a ser debatido devido ao fechamento de servidores de vários jogos e ao crescente descontentamento dos jogadores com a perda definitiva de acesso a conteúdos pelos quais pagaram.
A Iniciativa Stop Killing Games
A campanha Stop Killing Games visa impedir que as editoras fechem definitamente os jogos online, tornando-os inalcançáveis ao desligar os servidores. Um caso emblemático envolve o jogo Anthem, da BioWare e da EA, que deixará de funcionar a partir de janeiro de 2026. Essas decisões não só dificultam o acesso de novos jogadores como também tornam impossível o uso de jogos já adquiridos, levantando questionamentos sobre o conceito de “compra” no ambiente digital.
Crescimento da Petição na Europa
A petição lançada pelo movimento na Europa já superou 1,3 milhões de assinaturas e deverá ser oficialmente apresentada à Comissão Europeia em breve. Uma petição similar no Reino Unido também passou de 180.000 assinaturas, forçando o Parlamento britânico a discutir a temática. Ross Scott, o fundador do movimento, enfatiza que o objetivo não é acabar com os jogos, mas garantir que os consumidores tenham acesso contínuo aos conteúdos pelos quais pagaram. Ele defende, por exemplo, a reintrodução de funcionalidades como servidores privados, bastante comuns em jogos mais antigos.
Reações da Indústria
A resposta do setor foi de preocupação. A associação Video Games Europe, que representa grandes empresas como a Nintendo, Microsoft e Warner Bros, acredita que a proposta é excessivo. A associação argumenta que manter os jogos online indefinidamente acarretaria altos custos, além de riscos à propriedade intelectual e à segurança. Eles também alertam que tais obrigações legais poderiam inibir a inovação e tornar a produção de novos jogos menos viável.
A Resposta de Notch
Notch também se pronunciou sobre as críticas, lembrando que antigamente os jogadores conseguiam manter seus próprios servidores, mesmo após o fechamento dos servidores oficiais das empresas. Ele sugere que esse modelo seria mais viável para a preservação dos jogos e a manutenção das comunidades ativas, sem depender exclusivamente do suporte das editoras. Apesar de ter deixado a Mojang, o criador de Minecraft continua atento às questões da indústria e até sondeou seus seguidores recentemente sobre o interesse em um projeto que seria um sucessor espiritual do jogo, embora não haja confirmação sobre isso até o momento.


